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Alcoolismo e Dependência Química - Dr. Aníbal Okamoto

Alcoolismo e Dependência Química

Escrito por Doutor Anibal em 28 de abril de 2020

O Alcoolismo e a Dependência Química são doenças internacionalmente reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde.

O alcoolista ou o dependente químico são pessoas que não conseguem parar de usar determinada substância, e esse comportamento é característica dessa doença, não falha de caráter ou falta de força de vontade.

Neste artigo, vamos saber um pouco mais sobre o que é a dependência química, que tanto faz vítimas em toda parte do mundo.

O que é o Alcoolismo e a Dependência Química?

A Dependência Química, que inclui também o alcoolismo, é considerada, pela OMS, uma doença crônica, ou seja, uma doença incurável.

Ela se desenvolve com o uso repetido de algum tipo de substância psicoativa, que pode ser o álcool, maconha, cocaína, crack, entre outras, incluindo até mesmo a nicotina e outras drogas vendidas de forma legal.

Desde quando o indivíduo estabelece a dependência nessa determinada substância, um momento que não pode ser definido precisamente, ele passa a apresentar uma frequente obsessão pelo uso dela, além de uma compulsão a partir do seu uso.

Isso significa que o alcoolista ou dependente químico passam a pensar constantemente em maneiras de obter e continuar usando essa substância, apesar dos riscos e das consequências que elas possam trazer, tanto à sua saúde, quanto às suas relações pessoais e profissionais.

O que causa a dependência ao álcool e às drogas?

Fatores socioeconômicos, ambientais, genéticos, psicossociais e até mesmo culturais, possuem o seu grau de influência no alcoolismo e na dependência química.


O indivíduo só se tornará efetivamente um dependente com o uso continuado da substância, porém, algumas pessoas possuem uma maior predisposição em adquirir a dependência.

Com o álcool, o desenvolvimento da dependência pode levar até mesmo alguns anos, dependendo da frequência e da quantidade do uso, no entanto, para alguns tipos de droga como o crack e a heroína, por exemplo, são necessárias apenas algumas poucas doses para que se inicie o processo de dependência.

Os efeitos da droga no organismo

Embora estejamos falando também sobre a dependência de outras drogas, utilizaremos o álcool para ilustrar alguns dos efeitos no organismo do dependente, já que esses efeitos podem ser bastante diversos, dependendo do tipo de droga.

Em primeiro lugar, é importante notar que existe uma espécie de barreira protetora entre a circulação sanguínea e o cérebro. Nem tudo o que circula no sangue, portanto, circula em nosso cérebro. Porém o álcool e outras drogas ultrapassam facilmente essa barreira, fazendo com que a concentração da substância no cérebro seja praticamente a mesma que circula no sangue.

Com o aumento da concentração do álcool no organismo, começa a deterioração das funções cerebrais, modificando a percepção da realidade, comprometendo a capacidade cognitiva, a articulação da fala, a coordenação motora, a visão e outras funções.

Continuando o uso e aumentando a concentração de álcool no sangue e no cérebro, começa a queda da pressão arterial e a redução das batidas do coração, a depressão respiratória e os vômitos. A partir desse grau de intoxicação, pode surgir daí a hipotensão, o coma e até mesmo a morte.

O álcool ingerido produz calorias, por isso, dependentes crônicos chegam a obter metade das calorias diárias necessárias para o funcionamento de seu metabolismo do álcool. Acabam, ao longo do tempo, deficientes de proteínas e vitaminas, especialmente da B1 e outras do complexo B.

A longo prazo, o consumo excessivo de álcool está associado a doenças no fígado, no pâncreas, no coração, no estômago, no cérebro, no sistema imunológico e aos mais variados tipos de câncer.

Outras drogas além do álcool possuem diferentes efeitos imediatos, ou seja, enquanto ainda circulam no sangue, além daqueles associados ao seu uso contínuo.

Como reconhecer um dependente de álcool e drogas?

Apesar das diferenças entre as inúmeras substâncias consideradas como drogas, alguns tipos de comportamentos são bastante comuns nos dependentes químicos, seja a sua dependência a do álcool ou de outras drogas.

Essas comportamentos e características podem ser considerados como sintomas da dependência química, como os listados a seguir:

  • Alterações de humor repentinas
  • Irritabilidade e agressividade
  • Ansiedade e depressão
  • Falta de responsabilidade
  • Problemas financeiros
  • Alterações no ciclo sono-vigília
  • Dificuldades nos relacionamentos
  • Mudanças nos hábitos alimentares
  • Mania de perseguição
  • Distúrbios psicológicos

Mas se você está em dúvida se tem problemas com álcool ou está se tornando um alcoolista, leia esse texto para maiores informações.

Uma das características mais marcantes do dependente de álcool e outras drogas é a negação.

Apesar de apresentar alguns desses sintomas acima, combinados, e mesmo que eles possam estar claramente relacionados ao uso da substância, o dependente irá negar a existência do problema, de que não consegue passar algum tempo sem beber ou se drogar e de que esse pode ser o seu maior problema.

Algumas das expressões de negação comuns aos dependentes químicos podem ser parecidas com essas:

  • Eu consigo parar quando eu quiser.
  • Eu só bebo socialmente.
  • Só fumo maconha nos fins de semana.
  • Sou usuário, não sou viciado.
  • Só uso pra me divertir com os amigos.

Com a progressão do uso e da compulsão pela droga, fica cada vez mais difícil esconder que existe um problema.

No caso dos alcoólatras, pode-se notar uma maior tolerância aos efeitos do álcool. O dependente pode beber mais do que aqueles que não dependentes, possuindo uma maior tolerância ou resistência ao álcool.

A dependência e seus problemas

O dependente de drogas ilícitas pode mostrar sinais mais imediatos e claros de que há um problema. A ilegalidade é um dos fatores que mais expõem tais sinais.

Normalmente, uma pessoa sã não estaria disposta a se esconder da polícia ou a frequentar locais de risco e de alta criminalidade, apenas por hobbie ou passatempo. Mas a necessidade constante de conseguir e usar drogas acabará fazendo com que o dependente se exponha dessa maneira.

Eventuais passagens pela polícia podem denunciar o comportamento do dependente, além de sua presença em locais e com companhias que não estariam no dia a dia dessa pessoa.

Já no caso do álcool, o seu uso é socialmente aceito, então pode haver uma maior demora para que sejam apresentados sinais e sintomas preocupantes.

O indivíduo poderá, por exemplo, beber diariamente ao voltar do trabalho e aos finais de semana, e mesmo que já tenha adquirido a dependência, ou o alcoolismo, as pessoas próximas a ele podem começar a perceber que há um problema somente à medida que a doença progride.

Perda de horários, noites mal dormidas, problemas com dinheiro, desleixo, perda de interesse em hobbies e atividades habituais, podem ser alguns dos sinais de que alguém é um dependente químico.

Eles podem passar a evitar pessoas que não aprovam o seu uso ou lugares onde eles não poderão usar. E darão algum jeito de ter a próxima dose bem perto de onde estiverem, e quando não haja, não medirão esforços para conseguir uma dose e terão normalmente uma desculpa plausível, porém inverídica, a respeito de tal comportamento.

O dependente químico ou o alcoolista acabam se tornando distantes das relações sociais e pessoais, e eventualmente acabam desempregados, falidos, descredibilizados perante à família, amigos, colegas de trabalho e à sociedade como um todo, além de ter a saúde comprometida.

O tratamento do alcoolismo e da dependência química

A dependência química não tem cura, mas existe tratamento para ela. O indivíduo que a adquire, após o uso continuado de uma substância, estará sempre sujeito ao ciclo da dependência, desde que volte à primeira dose ou ao primeiro gole.

Com o tratamento e a contínua abstinência, o dependente químico pode retornar a uma vida normal, a ser responsável e produtivo na sociedade e a deixar de sofrer todas as consequências da dependência.

Porém, uma vez que retorna ao uso, pode rapidamente voltar aos mesmos padrões de comportamento. E as recaídas, não raro, possuem consequências ainda piores do que o anterior período em que usava continuamente.

A total e contínua abstinência é a melhor forma de tratamento do dependente, mas ele não precisa realizar essa difícil tarefa sozinho. Poderá contar com o apoio de médicos, psicólogos, grupos de ajuda e a própria família ou amigos.

Após conquistar a abstinência, o dependente químico deverá também se cercar de canais de ajuda que possam prevenir uma possível recaída.

Nos grupos de mútua ajuda baseados nos 12 Passos, como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, enfatiza-se que os primeiros passos para a recuperação são o reconhecimento do problema e da necessidade de ajuda, além da vontade e a decisão de parar de beber ou usar.

Mas como a abstinência é a única forma de se recuperar e existem graus de dependência muito complicados de frear apenas com a força de vontade, muitas vezes são necessárias medidas que auxiliem o dependente a cessar o uso.

Vamos ver, a seguir, alguns tipos de tratamento para o alcoolismo e a dependência química, que podem ser combinados para um tratamento mais eficaz e duradouro.

INTERNAÇÃO

A internação pode ser feita em clínicas especializadas em dependência química ou mesmo em clínicas psiquiátricas quando não houver outra opção.

É um recurso bastante útil no auxílio ao dependente, para que ele suporte a desintoxicação e a abstinência, em um ambiente controlado, com o auxílio dos mais diversos profissionais de saúde e até mesmo de medicamentos.

Pode ser também útil nos casos em que o paciente não queira abandonar o uso, mas esteja em uma situação de risco para si mesmo e para os outros ao redor.

PSICOTERAPIA

A psicoterapia será útil principalmente nas fases em que o dependente ainda não tem certeza de que precisa parar de usar, e na fase de manutenção da abstinência, quando já parou de usar e passou pelo período de desintoxicação, mas precisará de ajuda para manter-se longe do álcool ou da droga.

PSIQUIATRIA

O atendimento psiquiátrico pode ser útil em muitos casos. O dependente químico pode desenvolver transtornos mentais com o uso continuado e pode precisar desse tipo de profissional para tratar desse quadro.

É possível parar de beber e se drogar!

A prevenção é um recurso a ser utilizado pelas famílias e até mesmo pela sociedade como um todo. Através dela, é possível que até mesmo aqueles que possuem a propensão para a dependência nunca cheguem realmente a desenvolvê-la.

Porém, quando o indivíduo já é dependente, essa não é uma condição sem saída, apesar de bastante complicada. Muitos alcoólatras e dependentes químicos já se recuperaram dessa doença e hoje vivem em recuperação.

A informação é algo importantíssimo tanto para a prevenção quanto para a recuperação. E se você convive ou conhece alguém que pode ser um dependente, ao invés de censurar, funciona melhor informar.

Informe alguém que possa sofrer do alcoolismo e da dependência química. Isso pode salvar a sua vida!

CRM-DF 17.813
Acredita na importância da escuta acolhedora, do vínculo e da confiança como fios condutores do processo terapêutico.

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